Já pensou se você pudesse se lembrar do que acorreu todos os dias da semana passada, com exatidão de detalhes; o que comeu no almoço , onde passou a tarde, qual era a atração na televisão à noite e que manchete dominava os jornais. Para muitas pessoas esta seria uma tarefa praticamente impossível, mesmo se fosse para se lembrar do que comeu ontem.
Mas para a americana Jill Price, de 43 anos isto é completamente normal. Jill se lembra perfeitamente de tudo o que aconteceu nos últimos 29 anos. Mesmo
Ela realmente consegue se lembrar de tudo desde seus 14 anos, de notícias a bobagens cotidianas. Os pesquisadores checaram as respostas da mulher (verificando as informações em jornais e numa enorme coleção de diários que ela escreve desde a infância) e constataram que estava tudo certo. Jill se diz prisioneira de sua memória. Ela sabe que o presente se desenrola a sua frente, mas tem a sensação de viver sempre no passado. “O que a maior parte das pessoas chamaria de dádiva, eu chamo de fardo. A minha vida inteira passa pela minha cabeça todo o dia e isso está me deixando louca”, escreveu Jill em um pedido de ajuda ao pesquisador James McGaugh, fundador do Centro de Neurobiologia do Aprendizado e da Memória da Universidade da Califórnia, em Irvine.
Ela realmente consegue se lembrar de tudo desde seus 14 anos, de notícias a bobagens cotidianas. Os pesquisadores checaram as respostas da mulher (verificando as informações em jornais e numa enorme coleção de diários que ela escreve desde a infância) e constataram que estava tudo certo. Jill se diz prisioneira de sua memória. Ela sabe que o presente se desenrola a sua frente, mas tem a sensação de viver sempre no passado. “O que a maior parte das pessoas chamaria de dádiva, eu chamo de fardo. A minha vida inteira passa pela minha cabeça todo o dia e isso está me deixando louca”, escreveu Jill em um pedido de ajuda ao pesquisador James McGaugh, fundador do Centro de Neurobiologia do Aprendizado e da Memória da Universidade da Califórnia, em Irvine.
Em 2005, após cinco anos de estudos, a equipe liderada por McGaugh diagnosticou Jill como a primeira pessoa no mundo com essa síndrome, que batizaram de síndrome hipertiméstica – do grego “se lembrar” .
“Jill cita com rapidez e exatidão a data e o dia da semana referentes ao período de tempo que ela já viveu”, diz James McGaugh. “Isso mostra que ela não usa estratégias de memorização ou cálculo, como alguns autistas superdotados”. Eles não sabem explicar essa capacidade, mas têm algumas pistas. Vinte áreas do cérebro de Jill, entre elas o córtex pré-frontal (que controla a memória de longo prazo), são maiores que a média. Em compensação, ela tem lateralização anômala – uma confusão na divisão de tarefas entre as duas metades do cérebro, que está ligada ao autismo. Jill não é autista, mas tem depressão. “Minha esperança é que os cientistas consigam descobrir alguma coisa no meu cérebro para ajudar as pessoas que perdem a memória”, diz ela, que acaba de lançar uma autobiografia nos EUA e revela: na prática, ter supermemória nem sempre é bom. “Imagine se você conseguisse se lembrar de todos os erros que já cometeu.”
“Jill cita com rapidez e exatidão a data e o dia da semana referentes ao período de tempo que ela já viveu”, diz James McGaugh. “Isso mostra que ela não usa estratégias de memorização ou cálculo, como alguns autistas superdotados”. Eles não sabem explicar essa capacidade, mas têm algumas pistas. Vinte áreas do cérebro de Jill, entre elas o córtex pré-frontal (que controla a memória de longo prazo), são maiores que a média. Em compensação, ela tem lateralização anômala – uma confusão na divisão de tarefas entre as duas metades do cérebro, que está ligada ao autismo. Jill não é autista, mas tem depressão. “Minha esperança é que os cientistas consigam descobrir alguma coisa no meu cérebro para ajudar as pessoas que perdem a memória”, diz ela, que acaba de lançar uma autobiografia nos EUA e revela: na prática, ter supermemória nem sempre é bom. “Imagine se você conseguisse se lembrar de todos os erros que já cometeu.”
Jill pode citar de cor todos os dias em que caíram os feriados de Páscoa nos últimos 20 anos, mas se diz incapaz de memorizar um poema. Para decorar uma lista de palavras, ela encontra dificuldade. Na escola, não foi uma aluna brilhante. Há quem diga que Jill tem obsessão pelo passado e que seria capaz de se lembrar de tudo porque ficaria remoendo os acontecimentos o tempo todo. Mas os pesquisadores garantem que ela não teria tempo para estudar e treinar suas lembranças, mesmo se quisesse.
Histórias como a de Jill são extremamente raras. Mas, depois da publicação do artigo, a equipe da Universidade da Califórnia recebeu uma grande quantidade de e-mails e telefonemas de pessoas se dizendo dotadas da mesma capacidade. Elas também estão sendo testadas. Por enquanto, apenas outros dois casos foram confirmados. Um deles é Brad Williams, um radialista da cidade americana de La Crosse, em Wisconsin. Williams é capaz de responder a um questionário de 20 perguntas do tipo “Quando foi ao ar pela primeira vez o especial Charlie Brown Christmas?” em apenas 11 minutos e 58 segundos. Um bibliotecário com todo o poder da internet a seu dispor levou 23 minutos e 46 segundos. Rick Baron, a terceira pessoa conhecida com a síndrome de Jill, viaja pelos Estados Unidos para participar de concursos de conhecimentos gerais. Diz que já ganhou 14 viagens, duas motos e alguns milhares de dólares como prêmios. Para pessoas como Brad Williams, Rick Baron e Jill Price, esquecer não é uma opção. Isso pode ter suas vantagens. Mas Jill conhece bem o outro lado da história. “Imagine ser capaz de lembrar todas as brigas que você já teve com um amigo, recordar cada vez que alguém a desapontou, repassar todos os erros que você já cometeu.”
Algumas coisas que não saem da cabeça dela
- Acontecimentos importantes? Datas históricas? Isso não é nada - Jill sabe até o que comeu em cada um dos dias.
- Acontecimentos importantes? Datas históricas? Isso não é nada - Jill sabe até o que comeu em cada um dos dias.
- Ela se lembra de tudo o que está escrito em sua enorme coleção de diários, que escreve desde os 10 anos de idade (já são mais de mil páginas).- Na escola, teve desempenho regular - por motivo, sua supermemória só funcionava com acontecimentos do dia-a-dia (não ajudava a decorar a matéria).- Colecionava vários tipos de objeto, como ursos de pelúcia, bonecas e discos. Acabou juntando tanta coisa que, 5 anos atrás, teve de mandar tudo para um armazém.
- Jill foi uma criança chatinha: irritava os pais corrigindo todos os detalhes das histórias de família que eram contadas da Natal.
- Jill foi uma criança chatinha: irritava os pais corrigindo todos os detalhes das histórias de família que eram contadas da Natal.
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